terça-feira, abril 20, 2010


Não penses. Não fales.

Escreve só.

Do lado de lá do espelho só se encontra uma parede que te faz ter noção de que só dependes de ti.

Nunca te sentis-te verdadeiramente dependente de ti. Tinhas sempre um apoio que supria o facto de seres destro. Era o teu ponto de equilibro.

E agora só te resta balançar no trapézio até encontrares a estabilidade. Sem colchão que ampare a tua queda.

Tens de ter convicção na palavra certeira, na decisão audaz. Rasgar o medo sem olhar para dentro.

És pedra. Não te podes abalar.

És fogo. Porque não podes ser pedra.

És a esperança e ao mesmo tempo a revolta.

E tu que nunca gostas-te de ser observado, tens, de uma vida para outra, um olhar em cada esquina.

Sorris a medo. E ouves mais uma das estórias sobre o 25 de Abril e o sacana do Salazar. Sempre contadas em voz alta em jeito de brinde à liberdade de expressão.

Ali és GRANDE (porque não conhecem o teu medo).

Mas quando sais, és só mais um à espera do auto-carro.

quinta-feira, dezembro 03, 2009


A: - De tanta Liberdade que tenho, sinto-me impotente. Mas consciente de ter construído as minhas próprias limitações.

R: Se deste valor a maus tratos foi porque assim o quiseste ... e não me perguntes mais nada!

domingo, julho 19, 2009

Cheiro mais um traço desta droga. Mais um segundo deste momento. Mais um dia desta vida.
Há um vício que me consome e uma luz que me enfeitiça. Perante o seu efeito sinto-me grande, feliz, completa. Na sua ausência choro. O meu corpo pede mais. Na minha mente há um vazio.
Olho os ponteiros e entro na minha inconsciência sem censura. Corre nas minhas veias mais uma grama dessa metadona. Apazigua a dor mas presencia a falta.

Não satisfeita acordo com sensações não preenchidas. Volto à rotina e o ciclo recomeça.

domingo, junho 28, 2009

Loucura Bipolar...


Há uma corda e um nó. Cada lado em sua defesa aperta o nó. O nó não tem força para deixar de o ser. O nó está feito e nunca será outra coisa.
A corda metade de seda, metade sisal. Metade qualidade, metade força.
Parte ao meio. O nó (foi) e agora não é (nada).
Nada é zero.
Reset…Play…stop…Play…stop…Play…stop…stop…stop. Turn off.

Abstracção do que sou!

terça-feira, junho 09, 2009


Nunca me abandonaram, porque não acreditava que o fizessem. Por isso nunca senti na pele. E agora no final talvez me queiram desprender das recordações que me preenchiam e exacerbavam as emoções.

Não. Não soube dizer que não. Nem sei se algum dia o vou conseguir fazer. Porque há laços que me prendem enraizados em outros momentos - aqueles que apelam ao cronograma. E depois sinto o controlo que me guia e não me deixa decidir - Seguir o Norte ou o Sul?
O Sul por seu lado era mais quente, mas com o Norte seguia em frente.

E ela desprendida de tudo e feliz com o seu estatuto ensinou-me a voar com as palas nos olhos. Não virar no cruzamento, Não voltar para trás.

Acelerar o passo, sair daqui, avançar!

sexta-feira, junho 05, 2009



Enterrou os pés na areia quente. Quis sentir as raízes do Real que a fez perder o chão quando entrou pela porta dos fundos – Quando deixou de ter o protagonismo da Emoção. Deitou-se a favor da brisa morna, aquela que lhe secou as lágrimas salgadas.
Apenas viu a continuidade azul, mas sabia que era uma questão ilusória. Tantas cores numa paleta espectral porque não escolher um tom e pincelar uma melodia?
Era assim a sua verdadeira razão de ser. Não tinha nascido para Existir. Existia para Renascer e ver o mar com outros olhos. De forma adaptável (a si)!
Em pequenos actos passou os dias. Completou a história e morreu Feliz.

terça-feira, maio 26, 2009


Naqueles dias não quis olhar o tempo nem as acções. Quis fugir de mim, vestir o papel de uma actriz do Mundo e em segredo resguardar os meus pecados. Não olhei o pormenor, mas sim o todo ambicionado. Não quis pensar nas consequências porque me tinham dito que não existiam. Mais tarde esse período embrionário que nos fala em tom de surdina, superou quem era. Voltei a mim e percebi que os meus actos marcavam a minha história e ditavam quem era. Não podia fugir do espelho, havia aprendido em pequena. Aquela imagem real tentava sempre descolar-se do corpo e viajar por biografias que não pertenciam ao ego observado. No entanto sempre preferi ir mais além e descobrir quem não sou.
Talvez por isso não me conheça. Está na hora de partir o espelho.